quarta-feira, 16 de junho de 2010

O pior é que nothing is gonna change my world

Nunca antes tanta gente quis estar na moda, vulgarmente. Nunca antes na história, como diria Lula, tanta gente necessitou de interação. Sinais dos tempos, globalização, massificação. Se for pra chover no molhado, eu digo: nunca antes o ser humano deu mostras de que faz de tudo para chamar a atenção.

É só prestar a atenção: Pipocam por aí um monte de ferramentas virtuais para que todos tenham quinze minutos de fama, não sei que portentos, novos milhões de amigos, não sei quantos mil fãs, seguidores ou sugestivos admiradores secretos. E “todo mundo” (menos os excluídos, claro) adere à ideia mesmo. Nunca antes Narciso foi tão recorrente em nossa sociedade.Curioso, o Narciso grego, aquele que “acha feio o que não é espelho”, não conhecia espelhos. Se vivesse nos dias de hoje, por certo ficaria horas deitado, olhando pra cima, numa cama de motel.

O ser humano apenas luta para vencer a solidão. Simples assim. Como a vida tenta driblar a morte. Mas a solidão nos povoa e vira e mexe nos arrebata nas linhas de um Juan Rulfo ou de um Sam Shepard. E aí não dá para evitar o nocaute, pois ela vai aparecer aqui e acolá, até mesmo porque isso faz parte do pacote, não nos enganemos.

Almejamos interagir, claro, e está tudo bem. Não dá para ser diferente, o artista deseja a platéia. O problema é quando isso é feito de maneira fútil. Acho que vivemos tempos estranhos. Recentemente, a Nasa tocou para um, até agora, solitário universo uma música dos Beatles. Aliás, uma sugestiva música dos Beatles: Across the universe. Foi apenas uma mostra do que é capaz a musicalidade humana, segundo eles. Música dos Beatles para possíveis extraterrenos. What is it? Trata-se da velha esperança de sermos ouvidos. Nós, que quase nunca nos entendemos. Que quase sempre implicamos com a dança e as canções do vizinho “bandeiroso” (que sempre coloca “aquela música horrível” no volume mais alto).

No fundo, no fundo, é a esperança de sermos ouvidos que faz com que cantemos, fotografemos e escrevamos vorazmente. Pra vencer a solidão. Ou mesmo para aplacar a dificuldade que é não falarmos a mesma língua. Dá na mesma, uma coisa não exclui a outra. Assim como esse esforço sobre-humano para sermos ouvidos não consegue acabar com a solidão.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Porfiando eu também

Embora os amigos teimem em dizer que eu tenho “alma” de professor, devo expressar novamente – com outras palavras – algo que eu venho dizendo já há algum tempo:eu queria ter dado aulas antes de ter desacreditado das aulas. Antes de ter me reprovado na faculdade única da esperança. Antes de ficar desprovido de vontade.