terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Muito prazer!

Quando um tomador de tereré (qualé o problema?) como eu, adepto de costumes "démodé", anuncia que resolveu fazer um blogue a primeira reação dos amigos é de riso. Riso de escárnio, diria meu grande amigo e poeta Alessandro Barbosa. Mas, tudo bem, eu entendo e também me estranho de vez em quando.
Amigos, eu explico: A idéia é praticar a escrita em um novo espaço, experimentar novas linguagens, fazer com que meus amigos mais “sofisticados” me acompanhem de otros sitios. Amigos de S.Paulo, Florianópolis, Londrina e Curitiba etc.
Enfim, esses amigos que estão espalhados e que não bebem mais (azar deles) desta água da terrinha.
A tecnologia permite isso, verdad?
Sem contar os novos possíveis leitores, amigos de amigos de amigos de amigos amigos de...
Bueno, dito isso, devo justificar o nome deste blogue. “Liberté, Égalité, Yaguareté” surgiu durante uma conversa com Jéssica de Lima da Silva. Pensamos ser esse o nome de um novo projeto, quiçá libertário, antropofágico, neo-alguma-coisa-pós-tudo-retrô-da-moda. Sei lá. Pensamos em fazer um evento lítero-musical (ou literomusical? Não importa agora). Pensamos que nasceria ali, a partir desse título, uma nova "causa" pela qual nos dedicaríamos.
Bem, a idéia de levar adiante o evento arrefeceu, mas definitivamente eu havia me simpatizado com o tal “Liberté, Égalité, Yaguareté”. Gostei muito do trocadilho com a “santíssima trindade” da Revolução Francesa. Quer dizer, na verdade o trocadilho é interessante porque é uma subversão, porque confere um novo swingnificado, uma vez que o terceiro pilar do slogan cai e cede espaço a essa palavra indígena, em versão espanholada, cujo significado já vem adulterado, travestido ainda em sua base. É que Yaguareté (ou jaguaretê, versão portuguesa) significa onça. Certo, mas descobri durante minha pesquisa sociolingüística (na verdade antes) que na Vila Velha (centro histórico de Guaíra) alguns descendentes de paraguaios usam a palavra como uma espécie de gíria para bebida alcoólica. Uma em especial: pinga. A associação é possível por causa da bebida “Oncinha”, aguardente muito popular. Cachaça famosa, bebida das brabas - feito onça encurralada! - o fato é que “vamos beber um “Yaguareté” é a frase que mais ouvi da velha guarda boêmia da Vila Velha (e da nova geração também, pois nossa turma, inclusive, adotou o termo). Como a sonoridade também ajuda, a palavra se encaixa perfeitamente com as palavras francesas. Achei que a grafia também fica interessante, sei lá.
Também devo acrescentar que tenho fascínio pelo felino. Devo acrescentar que Guaíra já foi densamente povoada por índios guarani, que já foi uma ciudad real espanhola e que a cidade hoje faz fronteira com o Paraguai - país que gosto muito e que é o berço de meus ancestrais.
Enfim, como todos podem perceber, vários foram os motivos para a adoção deste título.