Impressões de chegada: jornalismo cultural nos tempos de clicks
Há algum tempo pretendia escrever algo sobre jornalismo cultural, o jornalismo que mais me interessa. A maioria das pessoas que freqüenta esse blog sabe que eu ganho a vida escrevendo textos para assessoria de imprensa. Não era o que eu pensava que estaria fazendo com 27 anos, mas essa é outra história.
Li no blog do Jotabê Medeiros, um dos poucos jornalistas que admiro, algumas reflexões e também resolvi elencar as minhas impressões sobre o tema.
1- Grandes reportagens quase inexistem nos grandes veículos. Misturam alhos com bugalhos e se limitam a cortejar grandes companhias de teatro, atores globais, difundir uma ou outra invencionice sazonal e publicar resenhas de best-sellers. Muito pouco, convenhamos.
2- Há uma onda neoconservadora quase paralisante no setor. Em todos os canais. E na internet, onde ainda existe alguma coisa interessante, também cresce essa onda. O “perfil médio do internauta” é o sinal dos tempos.
3- É preciso que haja diferença entre o que é publicidade e o que é jornalismo. Porra, é o básico. O jornalista tem que ser independente. O máximo possível. Inclusive do próprio patrão. Tem que ser o primeiro a ser crítico em relação ao próprio jornalismo.
4- Ainda que eu entenda a birra e a briga de jornalistas no que tange à questão do diploma para exercer a profissão, não dá para simplesmente ignorar o fato de que talento não respeita fronteiras disciplinares. Aliás, bons escritores e jornalistas também não deveriam (e não o fazem) respeitar muito essa geografia.
5- O quinto apontamento do Jotabê foi tão pertinente, que vou reproduzi-lo aqui, na íntegra: “há muita jequice ainda no tratamento à cultura, reverência à "alta cultura", à música orquestral, ao pintor consagrado, e tratamento de excentricidade à cultura popular, pop e jovem, ao grafite; geralmente, é comportamento de jornalista paraquedista, não é da área, nunca ouviu falar em basquiat, em banksy, em the streets, em patativa do assaré”. Perfeito.
6- Há muita afetação, mitificação, endeusamento no tratamento aos medalhões. Há muito jornalista que acha que vive num mundo à parte.
7- Há também muita teorização estéril. Como diz um amigo meu, da área de literatura, “tem gente que lê tudo quanto é crítica sobre determinado autor, mas esquece de ler a obra literária do cara”. Mais ou menos por aí.
8- E, para não deixar de falar sobre “jornalismo” no interior, uma constatação óbvia: simplesmente não existe jornalismo cultural aqui na região. Em Guaíra, então...não preciso nem falar.
Li no blog do Jotabê Medeiros, um dos poucos jornalistas que admiro, algumas reflexões e também resolvi elencar as minhas impressões sobre o tema.
1- Grandes reportagens quase inexistem nos grandes veículos. Misturam alhos com bugalhos e se limitam a cortejar grandes companhias de teatro, atores globais, difundir uma ou outra invencionice sazonal e publicar resenhas de best-sellers. Muito pouco, convenhamos.
2- Há uma onda neoconservadora quase paralisante no setor. Em todos os canais. E na internet, onde ainda existe alguma coisa interessante, também cresce essa onda. O “perfil médio do internauta” é o sinal dos tempos.
3- É preciso que haja diferença entre o que é publicidade e o que é jornalismo. Porra, é o básico. O jornalista tem que ser independente. O máximo possível. Inclusive do próprio patrão. Tem que ser o primeiro a ser crítico em relação ao próprio jornalismo.
4- Ainda que eu entenda a birra e a briga de jornalistas no que tange à questão do diploma para exercer a profissão, não dá para simplesmente ignorar o fato de que talento não respeita fronteiras disciplinares. Aliás, bons escritores e jornalistas também não deveriam (e não o fazem) respeitar muito essa geografia.
5- O quinto apontamento do Jotabê foi tão pertinente, que vou reproduzi-lo aqui, na íntegra: “há muita jequice ainda no tratamento à cultura, reverência à "alta cultura", à música orquestral, ao pintor consagrado, e tratamento de excentricidade à cultura popular, pop e jovem, ao grafite; geralmente, é comportamento de jornalista paraquedista, não é da área, nunca ouviu falar em basquiat, em banksy, em the streets, em patativa do assaré”. Perfeito.
6- Há muita afetação, mitificação, endeusamento no tratamento aos medalhões. Há muito jornalista que acha que vive num mundo à parte.
7- Há também muita teorização estéril. Como diz um amigo meu, da área de literatura, “tem gente que lê tudo quanto é crítica sobre determinado autor, mas esquece de ler a obra literária do cara”. Mais ou menos por aí.
8- E, para não deixar de falar sobre “jornalismo” no interior, uma constatação óbvia: simplesmente não existe jornalismo cultural aqui na região. Em Guaíra, então...não preciso nem falar.
4 Comentários:
Quanto ao item 8, onde estão aqueles velhos ( e velhos!) sonhos daquele livro ou (e) daquela revista¿ Complicado é fazer tudo sozinho...
Jornalismo cultural autêntico?
Dom: mexer com isso, como vc diz, não é tarefa fácil. Tá faltando mais empenho mesmo. Ando desanimado...
Pati: Jornaliso cultural vende pouco, né? Aí fica cada vez mais difícil...
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